quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A chuva bate nas telhas

A chuva bate nas telhas,        ;       ;       ;         ;        ;          ;         ;        ;
a chuva bate bem devagar                ;         ;        ;         ;          ;        ;
as gotas batem sobre meu coração        ;         ;        ;          ;         ;        ;
A pele se arrepia; A lembrança pontua       ;        ;         ;          ;        ;
A chuva bate bem  no vidro da minha janela    ;        ;          ;         ;        ;
E tal como bate,                               toca o  meu   rosto      ;         ;        ;
Fazendo-me                                      lembrar da chuva   ;        ;        ;
Que prendeu                                     Dois namorados         ;         ;        ;
Um ao outro                                     Outro ao primeiro  ;         ;        ;
E como chovia naquele dia — Chovia   muito por sinal        ;         ;        ;
E impulsivamente a moça disse: "Vamos ficar na chuva"  ;         ;        ;
E ela logo tremeu  diante a   tempestade  que  se  abria        ;        ;        ;
Tempestade essa que se abria;  Tudo  estava  cinzento   ;         ;        ;
E de repente  o rapaz a puxou para a chuva e correram       ;        ;        ;
Correram muito bem na chuva, brincaram como nunca   ;         ;       ;
Como duas crianças; E ela corria dele, e ele corria atrás     ;         ;       ;
Sorriam; Corriam; Brincavam; Se olhavam; Se amavam ;         ;       ;
Todo dia que chove eu lembro do dia   que  os dois se       ;         ;      ;
Abraçaram e se beijavam em meio   da   chuva  gelada  ;        ;        ;
E quando lembro desse dia,  penso que não foi comigo      ;         ;      ;
Mas foi e tenho muita, imensa de   vontade  de  chorar  ;        ;         ;

Adeus, meu amor

Não sei se posso                                            vida nos
                     dizer                                     a            traz
                        com                              que               nos
                         toda                         ras                    faz
                           certeza                 tu                         ser
                                 que           ven                           cada
                                        as  des                                vez
                                                                                  mais
                                                                                    for
                                                                                  tes
                     ADEUS, MEU AMOR                      mas
                                                                            tudo
                                                                        que
                                                                    sei
                                                                  é
                                                               que
                                                        era
                                                   feliz
                                               com
                                        você
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Passeio de outubro

Passeio de outubro, sua velha recordação
Lembre-se outras vezes não ter esquecido .
Eles plantaram rosas em seu caminho
E colocaram filetes de mel.

Passeio de outubro, uma breve recordação
Seus desejos duros como o aço
Seus beijos mais doces que um abraço


E naqueles ipês , debaixo das sombras,
Dormia um bom menino que realmente queria.
Que existissem violinos rimado suas canções,
E beber cada vez mais o néctar dos seus lábios.

Lembro-me de uma noite muito pálido , disse :
Eu não sei o que está no meu peito ,
Mas naquela noite eu tinha
Uma longa felicidade, quase ilusão .

Passeio de outubro, sua velha recordação
Lembre-se outras vezes não ter esquecido .
Eles plantaram rosas em seu caminho
E colocaram filetes de mel.

Seus bojos dourados que beijavam meu corpo ,
Suas luzes coloridas  a que joguei minha ansiedade
E assim que seu sorriso passou por mim e eu queria perguntar
Como é possível viver sem te amar?

Eu vi a mesma árvore onde a gente namorou
Onde hoje um pequeno pardalzinho hoje medita
Penso em seus doces lábios molhados
E disse : eu testemunhei, aqui um amor nasceu .


Mala verba

Quem você é, você não pode se salvar
Em sua fúria de um passado
de ternura, casa e café ...

Você mudou sua vida
Consagrando com uma simples oração
o horror bárbaro de problemas
tocando muitas ideias e nublando toda a honra.

Derrotado hoje por seu feitiço
perturbando o seu dever
Sua fé hoje se esgota
Quando pensa no mal que trouxe
Ao tornar-se intragável às pessoas


Você que hoje chora
Por ter roubado o pão e dois filhos
Ter destroçado vidas
E todo o luxo que te dão.

Aprenda uma vez
que ele não conseguia reagir
Eu não consigo entender,
perdido na tempestade
a desgraça que você não hesitou


Determinado a limpar o seu tiro
sua sombra já é obsessão maldita
Em busca daquela noite
a fala solta traição ...

Eu não sei se  mereço essa censura feroz,
Mas eu lembro que a sua mentira
Não  absolve de ter levado os dois filhos
E uma saca de pão, apenas pelo desejo de confusão

Seja quem for tal alma desgarrada
Lembre do choro da mãe
que você trouxe
ao levar os dois filhos

Um poeta bon-vivant

Aos domingos eu me levanto
morrendo de sono
às três da tarde


Às vezes até me esqueço
de suar para corridas.
Não penso em sair de casa
Tenho medo de chegar muito cedo .

São três da tarde
E eu tenho que começar a abrir o portão
E vai começar o futebol


O telefone toca
Metralha minha cabeça como uma  guitarra
Alguém me convida para uma piscina e um cabaré
Eu anoto na palma da mão.
E vou dormir de novo


E eu tenho que fazer!
Má sorte ,
Tenho o que fazer!

A noite de sábado
Meus críticos compraram
Um pouco de vinho
E perguntaram porque eu escrevia

A cabeça doía e eu dizia
Que dada a previsão ,
De faltar-me a tinta e o papel
Que escrever era  dá-lhes a cabeça .
Um pouco mais do que sofrasia


Quando alguém me dá uma tirada dessas
Penso que são três da tarde
Que logo vai ter jogo do Corinthians
E que estou com sono

Mas nada me para
O verso me aninhou no início ,
e não só isso que me abriu
Por inteiro



Mas quando eu tenho o palco,
isso é com pouca frequência
sem tanto galarde e ciência
Acordo tarde e vou dormir outra vez
Até que sem querer vou escrever
Batatas para colher trigo


Pois hoje é domingo
E domingo não é dia pra descansar

Caminhada empírica

Caminhozinho que o tempo levou
Eles nos viram juntos passar um dia
Eu vim uma última vez
para dizer-lhe minhas desgraças.

Caminhozinho, então você estava
Recheado de cores e juncos em floração
Uma sombra em breve te consumirá
Uma sombra como eu.

Desde que fui
Eu vivo em tristeza
Meu amigo
Eu vou outra vez

Desde que fui
Eu nunca mais
Vou seguir seus passos
Me perdi de vez

Todas as tardes
Corria feliz por seus ladrilhos
Comemorando o meu amor
Não torna mais acontecer

O seu chão chora meu desespero
Caminho aberto nas árvores
A mão do tempo apagou os rastros
A chuva deixou apagar as velhas pegadas


Desde que fui
Eu vivo em tristeza
Meu amigo
Eu vou outra vez

Desde que fui
Eu nunca mais
Vou seguir seus passos
Me perdi de vez

O seu chão chora meu desespero
Caminho aberto nas árvores
A mão do tempo apagou os rastros
A chuva deixou apagar as velhas pegadas

O passado se enterra
As árvores crescem
E o caminhozinho no meio desse parque
Desaparece de vez

Desde que fui
Eu vivo em tristeza
Meu amigo
Eu vou outra vez

Desde que fui
Eu nunca mais
Vou seguir seus passos
Me perdi de vez

Refluxo filosófico

É tautológico
É tarmatúrgico
As vezes
Meio ilógico

Pensar que a pena
Seca com pouca tinta
E areia do tempo
Estraga o papel vazio

É um pífano que se parte
Sem ser tocado
Pois o cutelo de bambu
Era mais mole que angu

A sebastiana vontade
De escrever bem de tarde
Um pouco de escrita
e versos sem companhia
Morre sem brilhos ou ilusões

Vão-se as inspirações
Ficam-se os dedos
Que de tão calejados
Não martelam o teclado

À maneira taciturna
A caneta me fita sem me olhar
Pois olhos ela realmente não tem
E palavras não tem também

Perdeu-se a palavra
Perdeu-se o verso
Perdeu-se o prosa
E a pouca harmônia

Não sei que faço
Não sei o que escrevo
Pois nada mais descrevo
Tudo que tenho é mais
Um refluxo filosófico

domingo, 8 de dezembro de 2013

Nunca confie no próprio sorriso

      Nunca confie no seu próprio sorriso, pois felicidade não é um estado natural do ser humano. A dor e melancolia acompanham nossa existência na seguinte medida que saímos da barriga de nossa mãe e somos enjaulados dentro de uma encubadora ou um berço. Artificialmente pensam que nossos pais tratam a criança como um todo, sendo que na realidade a criança é apenas uma parcela do todo, é um objeto da vida dos pais.

     Eles o mimam para externar os seus desejos psicológicos de sua própria vontade, eles criam a criança como um boneco que chora, suja a frauda e brinca. Mas nada disso é verdade, não é um ser humano que eles desejam criar, mas um robozinho; Exatamente isso, a criança é criada para seguir comandos, como não correr, não gritar, não ser feliz; E se for fazer todos os seus desejos ela é punida, seja pela cinta corretora do pai seja por um deus que ela é forçada a acreditar;

     Não existe meio termo aos filhos, os filhos são um objeto. São oprimidos pelos próprios pais, eles que criam boa parte dos traumas da infância de uma criança. Eles que controlam a vida dos filhos por pelo menos catorze anos quando a criança começa a contestar os pais e vira adolescente, e tenta controlar os filhos pelo resto das suas vidas; Pois o poder de mandar é bom, de ser obedecido também. Por isso os pais normalmente não ouvem, não sentem o que os filhos sentem. Eles sempre estão numa hierarquia maior, pensam que os filhos têm o dever de obedecer, afinal de contas os pais trabalham para sustentá-los, entretanto, os próprios pais pensam nos filhos como uma pensão para a posteridade, de crianças que trabalharão para sustentá-los.

      Não há mentalidade mais conservadora do que a de ser um pai ou uma mãe. Freud tinha razão ao estabelecer que as mães possuem um complexo de Jocasta em relação aos filhos, elas não os desprende do seu "amor maternal" que nada mais se traduz de um amor de um dono para com seu bichinho, a ligação emocional pode existir, mas a mãe realmente não tem amor por seu filho, ela ama o fato de ter um filho e comandar a vida de uma criança e seu desenvolvimento, tanto que quando ela perde o controle, ela é a primeira a punir o filho.

     O perdão de uma mãe ao filho não é legítimo, pois é um meio de manter o status quo da situação de submissão da criança aos pais. Isso é horrível do ponto de vista humano, mas é ancorado pelo ponto de vista legal, afinal de contas a lei não vê a criança como um ser humano completo.

      Não é felicidade que os pais buscam trazer aos filhos, eles buscam a própria felicidade nos filhos, é uma coisa diferente, é quase tautológica. A procura da própria felicidade por uma parte, um bem seu, é quase um fetichismo na concepção marxista da criança. A criança, repito, é vista como um objeto e não um ser vivo completo. Tanto que se ignora que a criança possa ter voz, mesmo que se ache engraçado ensinar a criança a falar e ler o ABC, a criança pode ter pés e aprender a caminhar, mas não pode andar fora do domínio dos pais.

     O seu sorriso  infantil não é um sorriso de graça, é um sorriso de uma droga, um ópio paternal e maternal de que sua felicidade só é possível se você obedecer cegamente os seus pais. 

      Quando crescemos isso também acontece, quando começamos a ter uma vida plena, primeiramente com um estudo (submissão ao professor e ao sistema de ensino) e um emprego (nesse caso ao mercado de trabalho), começamos a ter um carro, uma casa e uma parceira (ou parceiro). Pois bem o fruto da sua felicidade está na aquisição de bens (carro e uma casa) e de uma companhia, no caso uma parceira. Mas a sua felicidade só é possível diante a sua submissão ao mercado de trabalho, ao  conjunto de leis e normas e a todo um estamento hierárquico. Caso você descumprir isso, você estará desempregado, seus bens, a casa e o carro, serão confiscados, sua companheira pode desistir de você e você pode até ser preso se descumprir sua submissão às leis.

      De verdade, sua felicidade não é de graça, é um produto que você compra ao se submeter ao sistema, porque é natural ao ser humano não ser feliz. É isso mesmo, pode parecer absurdo, mas desde que somos retirados da placenta de nossas mães somos criados para sermos isolados dos outros, no caso, das outras famílias, de pessoas de outras classes, etc. Assim, o isolamento cria um ambiente psicológico de submissão, e uma submissão embora produza uma felicidade artificial, produz um profundo grau de tristeza.

      A anomalia de toda uma vida é o sorriso, pois tamanhos são os sofrimentos para que um único sorriso seja praticado. Somos ceifados de nossa liberdade quando somos obrigados a ir à escola, apanhamos, ou somos repreendidos pelos professores. Somos ceifados de nossa felicidade quando nossos pais impõe certos limites, nos castigam e impõe regras que não compreendemos. Somos ceifados de nossos desejos quando a moral da sociedade impede que possamos namorar como gostaríamos de fazer, que o nosso patrão começa a roubar-nos o tempo que usaríamos para  nossos desejos e assim vai.

     A vida é uma profunda tristeza, é um triunfo ao mesmo tempo uma tragédia. Por isso um sorriso é uma traição ao próprio caráter do indivíduo, de ser infeliz. Acredito que a profunda felicidade não existe, pois a felicidade não é algo natural do ser humano, a sua tristeza e  sua submissão moldada pelo sistema acabam por produzir uma necessidade psicológica por momentos de prazer que são confundidos por felicidade, mas não representam a real felicidade que seria a vida humana sem a profunda regulamentação da vida.

domingo, 24 de novembro de 2013

O dia que comecei a assistir Star Trek







"O Espaço, a Fronteira Final... Essas são as viagens da nave estelar Enterprise em sua missão de cinco anos para a exploração de novos mundos, para pesquisar novas formas de vida e novas civilizações. Indo, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve" Abertura de Jornada nas Estrelas.

"A lógica é apenas o princípio da sabedoria, e não o seu fim" Spock sobre o papel da lógica


       Isso tem muito tempo, muito tempo mesmo. Nem lembro que ano foi, só lembro o modo como tudo começou... Era uma quinta-feira, lembro bem que era uma quinta-feira, eu tinha aula cedo no outro dia, mas não queria dormir. Tanto que não queria dormir que minha mãe cismava que não devia assistir televisão tarde, então, eu burlei o sistema, liguei o rádio então. Afinal, eu não estava assistindo televisão.




       Antigamente (não tanto hoje) o rádio operava em frequências muito próximas da televisão em alguns casos e causava interferências (com a TV digital tudo isso se perdeu) e eu peguei a transmissão de um canal de televisão sem querer... Era a voz do Senhor Spock no rádio, uma voz grave mas ao mesmo cativante em uma especulação sobre um fato qualquer. Foi aí que parei para ouvir pela primeira vez de Jornada nas Estrelas, Spock e Kirk estavam numa versão bizarra de uma Alemanha Nazista (quer coisa mais bizarra ainda) no século XXIII para tentar impedir um  genocídio. Comecei a ouvir o rádio até que as escondidas liguei a televisão, coloquei o cobertor sobre a televisão e vi o contorno cheio de cores que é comum dos seriados dos anos 60.


      A humanidade conviveu por tanto tempo em preto e branco que quando a TV a cores surgiu todo mundo quis exagerar. Mas eu lembro que eu estava compreendendo tudo, embora Spock falasse rápido demais. Mas essa era a mensagem, Jornada nas Estrelas sempre tratou temas complexos com palavras simples. Daí então passei a gostar de Jornada nas Estrelas.


     Todas quintas feiras eu assistia aquela reprise escondido da minha mãe que sempre achava uma porcaria pensar em viver no Espaço, imaginar um futuro melhor. De repente vi que todas as semanas eu esperava dar 20 horas pontualmente para ligar a televisão. Assistindo as aventuras de Kirk, Spock, McCoy, Scotty, Sulu, Uhura, Chekov e outros eu começava a imaginar que o futuro seria melhor realmente, com homens galopando pelo cosmos com naves mais rápidas que a luz, utilizando-se às vezes da dobra temporal para voltar ao passado. Guerras, diplomacia, ciência, medos, paixões, filosofia, antropologia. Jornada nas Estrelas era algo muito bem feito para época, embora seus cenários sempre fossem toscos e muitas vezes reutilizados, algumas histórias fossem incompletas, as brigas do Capitão Kirk fossem hilárias, eu gostava de ver o jeito como a Enterprise se organizava:



     Eu gostava do tom de comando de Kirk em dar ordens, mas ouvir também muitas vezes conselhos e retroceder, ser hábil ao negociar com outros comandantes (acho que peguei um pouco disso para mim), também gostava do método analítico, indutivo e lógico de Spock (que também é usado por mim em muitas ocasiões que merecem reflexão), seu senso meio esnobe da superioridade da lógica frente aos impulsos "bárbaros" dos humanos em seguir suas emoções e instintos, Spock sempre foi um filho de dois mundos, rejeitado pelos vulcanos por ser filho de uma humana e rejeitava ser humano por sempre se ver como vulcano. Sempre me senti como Spock, filho de dois mundos, só que no meu caso era a cristandade e o judaísmo, e sempre me vi rejeitado por aqueles que me identifico. São duas culturas diferentes, a humana e a vulcana, assim como a cultura judaica e a cristã.


                                               Mais uma das brigas do Capitão Kirk

     Scotty sempre tive uma certa simpatia por achar que ele era um falastrão mesmo, mas de bom coração. Viciado em seu trabalho (também sou viciado no meu), às vezes fica tão alienado em pensar nos seus motores de Dobra que não pensa outra coisa senão na segurança da nave. Kirk e Scotty dividiam um amor imaterial por algo que não poderia lhes corresponder, um amor platônico e triangular.  Os dois amavam a Enterprise, Scotty amava o modo como ela fora construída e como funcionava e Kirk amava o ambiente de convívio que a nave proporcionava, o modo como ele tinha seu comando atrelado a esse braço poderoso que era a Enterprise.

Scotty num momento etílico
      Kirk é a releitura do velho capitão de nau de madeira tão bem descrito na literatura de viagem do século XIX, Gene Roddenberry certa vez confessou que a figura de Kirk foi baseada numa série de livros que tinha lido quando criança que tratavam das viagens de Horatio Hornblower, criação do escritor britânico C.S. Forester.

     Kirk era um galã que tinha uma mulher à sua espera a cada planeta que chegava, e isso o seriado sempre enfatizou o modo bon vivant de Kirk, mas ainda assim responsável, tanto que certa vez Kirk no cumprimento do dever acabou perdendo o amor de sua vida no episódio "The City  on the Edge Forever" (Cidade à beira da Eternidade), Edith Keeller.  Kirk sempre teve um teor trágico na sua vida, foi o capitão mais jovem da Frota Estelar ao tomar o comando da Enterprise com 26 anos, mas teve que vivenciar um genocídio na colônia Tarsus IV promovido por Kodos, o Carrasco, durante suas viagens perdeu o seu irmão que foram vitimado junto com sua família por um praga que abateu um planeta no sistema de Rigel, sobrando-lhe apenas um sobrinho como parente. Não teve tempo para conviver com o filho e quando chegou a saber de sua existência, teve que enfrentar o assassinato do filho pelos Klingons.
     
Kirk e o amor de sua vida, Edith Keeler (que morreu de forma trágica)


     Não há vida mais triste que a de Kirk, de modo que o capitão sempre procurou o apoio de seus amigos mais próximos: Spock e McCoy. Formando um trio que dava amálgama ao comando da Enterprise. Enquanto Spock se prendia aos seus paradigmas, à sua irracional procura pela racionalidade extrema, McCoy não teimava em ser profundamente humano, emocional, às vezes rabujento demais, dava conselhos importantes a Kirk e frequentemente discutia com Spock sobre questões filosóficas, McCoy era a definição de um médico de interior que cuidava de seus pacientes como se fossem seus vizinhos, bem diferente da concepção dos médicos que temos hoje.

\Kirk, McCoy e Spock o trio imbatível da série


     Chekov é a juventude que se abre na Enterprise, impulsivo, emotivo e brigão, Chekov sorri e brinca com Sulu na Ponte de Comando, corteja as moças de vez em quando, mas não esconde seu nacionalismo russo quase explicito. Acredita nas virtudes do povo russo e está ali representando a Mãe Rússia com unhas e dentes na navegação e no controle de armas. Pouco se sabe sobre Chekov pela série, só que perdeu um amor quando entrou para a Academia da Frota Estelar.






Sulu e Chekov num momento de descontração

      Sulu é a paciência e a eficiência combinadas juntas. Sulu nem era meu favorito embora fosse um anexo para a agressividade de Kirk, envolvendo-se em brigas e distúrbios muitas vezes; Não tinha muita simpatia por Sulu quanto tinha por Chekov, talvez porque numa certa altura Sulu tenha sido negligenciado na série.








       Uhura é a musa da nave, uma excelente cantora, também era responsável pela parte das comunicações da nave. Uhura divertia-se aos flertes que lançava de vez em quando à população masculina da nave, mas na realidade se via profundamente sozinha na imensidão do Espaço.

       A enfermeira Chapel é a encarnação de um amor platônico que nunca dera certo, afinal de contas, Chapel tinha uma paixão impossível pelo senhor Spock, que por sua vez era casado (Time Amok explica isso) e tentava ser asceta dentro da nave. Auxiliar do Doutor McCoy , impossível não sentir pena da tristeza com que a enfermeira olhava o senhor Spock pelos corredores.


         Findo isso, é conveniente destacar o que eu aprendi com Jornada nas Estrelas:

Comandante Klinglon em um momento de profunda satisfação


         História, as viagens de volta ao tempo e as visitas a planetas que imitavam o passado terrestre figuravam como uma aula de História. Além disso, o seriado querendo ou não é bem influenciado por sua época de produção, a Guerra Fria, tanto que os klinglons são como uma metáfora para os soviéticos, e num episódio ficou explicita a referência à Crise dos Misseis ao tratar da ameaça de guerra entre a Federação e o Império Klinglon. De fato, se os klinglons são uma metáfora para os soviéticos, a Federação é uma metáfora camuflada de um norte-americanismo propagado por ideias como democracia, liberdade associadas ao crescente desenvolvimento tecnológico. A Federação é a visão de um futuro da transformação dos Estados Unidos.


         A ideia da Enterprise é uma ideia antropológica de convivência de vários povos dentro de um mecanismo de viagem para outros planetas. Nisso, convivem muito bem americanos (Kirk, McCoy), japoneses (Sulu), swalis (Uhura), irlandeses (Riley), escoceses (Scotty), russos (Chekov) e raças alienígenas (Spock). 

          O contato com outros povos também abre discussões antropológicas, como a própria demonização dos Klinglons, as raízes em comum entre vulcanos e romulanos, a diretriz de não-interferência que é um tema recorrente da série que impede dos homens da Federação exercerem seu etnocentrismo. A ideia de Star Trek além de glorificar a corrida espacial, mostrar os desenvolvimentos científicos da época, no campo da antropologia, história, física (Teoria das Cordas, Dobra Espacial, Buracos de Minhoca), biologia (Vida baseada em silício, como no caso do monstro que matava a todos num planeta mineiro; Vida com sangue de cobre, caso de Spock), filosofia e outras áreas.

        Há a propaganda de valores americanos também, como no episódio que há uma guerra civil num planeta e Kirk discursa para os habitantes com a constituição americana nas mãos e diz: "Esses valores não são só para vocês, mas também para os commies (comunistas)". Foi um episódio escrachado do espirito civilizatório da diplomacia americana.
Kirk lendo a Constituição Americana


          De fato, diplomacia é o que ronda no seriado. Klinglons, vulcanos, romulanos, rigelianos... São tantos nomes que acaba esquecendo. A conferência de Babel, o planeta Memory Alfa, todos essas reverências mostram que a diplomacia ainda o melhor caminho frente à guerra. Nisso eu vejo uma apologia ao Departamento de Estado norte-americano que estava em alta na época devido à solução da crise dos Misseis e a doutrina Kissinger na diplomacia norte-americana.


        Jornada nas Estrelas pode ser uma visão colorida de um futuro que gostariamos, mas essa visão colorida acabou influenciado o nosso presente atual: Como os celulares, que foram idealizados em Star Trek na figura dos comunicadores; Os tricorders  que hoje podem ser interpretados como os smartphones, devido ao fato de terem um acesso rápido à internet na palma da mão para o acesso de informações. Também a ideia de um computador pessoal que surgiu em Star Trek. A teleconferência e o Skype também surgiu a partir da ideia da tela central na ponte de comando.


         O teletransporte quântico ainda está em testes, o físico demorará, ainda mais que também se especula pela teoria da Relatividade ser impossível passar da velocidade da luz como Jornada nas Estrelas acredita. De fato, não há fronteiras para a capacidade criativa humana, isso Star Trek também mostra. Star Trek auxiliou-me a tornar parte do que do que sou hoje, pois trouxe-me à luz de alguns sonhos. E sonhos ainda são imortais.









"Live long and prosper"

sábado, 23 de novembro de 2013

Liga Coxinha Extraordinária

       A criação de novos "partidos apolíticos" é produto de uma variante esquizofrênica de  um novo tipo de ator político: O coxinha.

       Coxinha é uma expressão utilizada nos círculos políticos recentes para descrever um jovem de classe média, de 18 a vinte cinco anos de condição estável, estando desempregado ou não que vive junto com os pais, frequenta regularmente a academia para obter a hipertrofia desejada (utilizando anabolizantes inclusive), mas não dedica-se a treinar o espírito, tampouco a mente. Lê pouco, frequenta todas as baladas possíveis, bebe whisky Red label, acha que tem a necessidade de pegar todas as meninas da festa.

        Consome camisas polo Lacoste, costumeiramente nunca anda de terno ou engravatado, possui um carro hatch de motor 1.6 e adora falar de futebol. É engraçado como se construiu o termo Coxinha, porque coxinha designa originalmente um salgado em formato cônico à base de farinha de trigo, farinha de rosca e batata com recheio de frango desfiado que é frito e costumeiramente é vendido vencido nas rodoviárias de pé de estrada nos rincões do Brasil; Talvez seja por isso que tenha sido designado de "coxinha", devido ao aspecto estragado de suas ideias, e por demais indigesto.

       Não preciso dizer que os  coxinhas correspondem ao segmento dos marombeiros em alguns casos, pseudointelectuais em outros, filhinhos de papai (vulgo mauricinhos) em todos. A verdade seja dita, coxinha é coxinha que tem dinheiro mas não sabe se portar com o dinheiro, chega a ser a encarnação de um noveau riché, às vezes fala alto, é inconveniente, exige tudo à mão e ainda reclama. Não consegue muitas vezes manter uma conversa nos limites da amistosidade devido a sua impaciência tautológica. 

       No campo político o "coxinha" é "apolítico", se descreve dessa forma. Diz que todos os partidos são sujos e que não merecem o mínimo respeito. Que a política brasileira é assim e nunca irá mudar, mas nem é um pouco disposto a mudar esse quadro. Acredita que a corrupção associa-se à esquerda que pejorativamente chama de "petralhas" (junção entre o nome do PT, Partido dos Trabalhadores, envolvido com esquemas de corrupção, e os Irmãos Metralha do Tio Patinhas), esquecendo-se que os outros partidos brasileiros são tão ruins quanto, estão associados à corrupção, ao coronelismo e à própria Ditadura Militar.

      Nas manifestações os coxinhas não anti-partidários, nada de bandeiras ou bastiões. Isso é digno de briga e de linchamento de segmentos partidários nos protestos. Gritam, esperneiam, gritam Gritos de Guerra monótonos e monolíticos e se recusam veemente a cantar por exemplo a Internacional. Quando a cavalaria ataca, são os primeiros a correr, tentam safar a pele e culpam os "black blocs" e os anarquistas como pessoas que saíram dos limites. Acha que os protestos são bons, mas não queria estar no trânsito porque diz que atrapalham a vida do cidadão.

      Formam a multidão desvairada e como toda a classe média, é babaca. Sim, a classe média é meio babaca mesmo, falo com toda a convicção, não que eu a odeie, só digo que é babaca. É babaca pois é o maior segmento social com possibilidade de instrução, que possui as portas abertas para a política e negligencia tudo isso em virtude do seu pseudo "american way of life". Também deveras, afinal, Marx dizia que a pequena-burguesia está no caminho entre a classe proletária e a burguesia, de modo que a pequena-burguesia com acirramento da luta de classes está fadada ao desaparecimento, tendendo ideologicamente à classe dominante, porque inevitavelmente é a classe que desejaria ser. Marx pode está velho, mas é tão atual quanto você que está nessa poltrona. O sonho do coxinha é ser milionário.

      Não se importa com o pobre, não se  importa com a saúde pública (afinal tem plano de saúde), nem com a educação (afinal, ele estudou em colégio particular), embora ele reconheça que os serviços públicos são uma merda. E pra isso ele ideologicamente (embora essa ideologia esteja escondida em seu subconsciente) é um neoliberal e quer ver um estado mínimo com menos impostos. O coxinha é  coxinha, e qualquer coisa que ronde em torno de cotas sociais e raciais para o ingresso na universidade é totalmente rechaçado pelo coxinha, assim como a ideia de trazer médicos cubanos ao Brasil sabendo-se que os médicos não querem trabalhar nos hospitais públicos.

      Lenin dizia que é fácil iludir o povo com promessas de liberdade e democracia (LENIN, Vladimir Ilyich. Como iludir o povo) e isso é usado pelos segmentos mais reacionários para confundir o proletariado e sobretudo o campesinato com promessas que não seriam cumpridas. Assim, acredita o coxinha que  o voto representa o maior poder do cidadão, que embora exista meios de burlar a legislação eleitoral, a culpa é do povo por não saber votar direito, mesmo sem saber que há elementos como o fator partidário que fazem eleger junto com um candidato outros três, ou que o voto é do partido, assim se o candidato mudar de legenda, a vaga fica para outro membro do Partido, assim vai. o coxinha é um iludido por natureza.

     Iludi-se com o sistema democrático americano que apesar de ser o mais funcional no mundo é imperfeito e incompleto e deseja ardentemente que o seu país se torne um bastião da democracia e do capitalismo tal como os Estados Unidos, que São Paulo vire New York, que o Rio vire São Francisco e que Miami seja logo ali, sem perceber que o Brasil é diferente desde que nasceu.

     O coxinha quando quer se inteirar lê o Guia Politicamente Incorreto de Leandro Narloch, que nem sequer era historiador, mas ex-jornalista da Veja e também o 1808 do também jornalista Laurentino Gomes. Engraçado que cita trechos desses livros e os nomeia como historiadores, para profundo desespero dos acadêmicos, acredita que esses livros trazem a Verdade Suprema. Sim, eles acreditam numa VERDADE SUPREMA (faço questão de por Caps Lock), e que essa verdade é somente dada por Deus.

       Os coxinhas são um tipo estranho de religiosos, eles acreditam em Deus, frequentam a igreja (católica ou protestante, tanto faz), acreditam que deva existir bondade no mundo, mas fazem tudo ao contrário. Bebem, prevaricam, desejam a mulher do  próximo, clama o nome de Deus em vão, deseja que Deus atenda os seus desejos numa oração e se não atende, reclama. São um jeito estranho de fiel, são cristãos McDonald's, que desejam o retorno imediato de suas preces.

       Os coxinhas não vou parar de dizer são conservadores, às vezes reacionários, do tipo querer voltar ao passado. Vez em quando riem das  piadas do Felipe Neto, Danilo Gentilli e outros, assistem o podcast do Olavo de Carvalho falar mal dos "petralhas" e comentam a página do Uol sobre o Mensalão com comentários de pouco teor político.

      Os coxinhas também são machistas, nisso eu falo no seguinte sentido, desejam ardentemente ficar com várias garotas na festa, contam numa calculadora o número de ficadas, desejam fazer sexo ali mesmo na passarela, entretanto enxergam com maus olhos quando uma mulher sai com mais de um homem por semana. Estranham quando elas têm apetite sexual e as chamam de vadias quando não querem ficar com eles.

      Os coxinhas odeiam as feministas e as lésbicas, dizendo que "não foram bem comidas" e associa que o feminismo é um lesbianismo disfarçado, mas muitos coxinhas desejariam ter duas mulheres em sua cama. E é estranho como os coxinhas se relacionam, são quase Stormtroopers, andam sempre em grupos e acotovelando os que passam, são quase uma confraria de profundas ligações emocionais.

      No Facebook são ativos e são os que mais fazem comentários desnecessários. São esses os coxinhas que a gente observa ultimamente.

       Coxinhas, agora os coxinhas que sempre foram um grupo grande, diverso, tentam se organizar, juntar os marombeiros com os filhinhos de papai e pseudointelectuais, estão querendo formar partidos que variam de um falso senso apolítico até um neoliberalismo escrachado da Escola de Frankfurt. Eles que são reacionários, que vem as mulheres como objeto e feministas como vadias, socialistas como Petralhas, o paraíso como Miami, tentam se organizar, formar uma Liga Coxinha Extraordinário para o fascínio da Veja e da Globo. 

       Eles são os "bom-moços" da revista Veja, eles são os filhinhos queridos da mamãe que nunca desobedeceram em casa, mas aprontaram todas na escola. Eles se acham especiais por serem felizes no seu jardim do Éden artificial,  são filhos da nova geração medíocre de "homem-médio" brasileiro, esvaziado de ideologias, ideias, conhecimento filosófico e de mundo, mas travado em seus músculos, bebedeiras e gritos despreocupados.Eles um dia formarão uma Liga Coxinha Extraordinária, e quando formarem estaremos em maus lençóis. Não por serem competidores sérios, mas por ser uma constatação que a política virou um circo ambulante qualquer.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Engraçado é o livro

      Nossos amigos são diferentes uns dos outros, mas perpetradores de histórias que somente nós podemos nos lembrar. Até eles também se esquecem de todas as vezes que saímos em bebedeiras, corremos atrás de ônibus, conversamos, brincamos e sorrimos; Nisso uma pequena discussãozinha começa do nada, e vira uma megapole de argumentos, para no fim terminar: "Você bebeu todas, seu puto, saía do Facebook." "Para de falar assim, seu vascaíno de merda". "Eu gosto de você, seu desgraçado", "De boa, seu merda. Até mais".

     Amizade é algo tão estranho que mesmo se xingando as pessoas se sorriem e brincam-se consigo. Jogam cafunés, falam histórias, trocam piadas e conseguem ficar sérias quando preciso. Ser amigo é ser amigo, mas antes de tudo, ser amigável.

     Um mero pedido de um livro já abre uma discussão:

    "Meu livro!"
    "O livro dele", abre-se uma segunda voz ao coro.
    "Dele o livro", surge uma terceira, mais grave, na discussão"
    "Livre delo é", constrói-se uma quarta.
    "O dele livro", diz uma quinta pessoa.
    "Ode lê livre", corresponde novamente a quarta pessoa.
    "Livro dele é", repete
   

     Os amigos sorriem-se com os significados, mas pacientemente o amigo volta à discussão inicial:

     "Devolve meu livro"
     "Devolve o livro dele", diz a segunda voz do coro;
     "Dele o livro devolve", surge a quinta amiga na conversa novamente.
     "Dê-lhe o livre volve", a quarta pessoa comenta novamente sobre o assunto.


      Não há coerência na conversa, e o livro continua longe de seu dono  numa prateleira numa casa distante , mas a amizade continua entre os significantes e significados. Pois sem querer, numa discussãozinha qualquer cria-se um poema pós-moderno.

30 dias

        Na verdade não são trinta dias, são 29 dias e vinte e três horas mais alguns quebradinhos; Vinte e nove dias de puros amores relampejantes, piqueniques, cinemas, beijos e mais beijos; De poucas brigas até agora, mas de muitos problemas. De gente desocupada que tenta interferir em nossas vidas, de problemas que surgem sobre nossas cabeças e temos que enfrenta.

      Gente que não aceita que a gente fique junto; Gente que inventa mentiras para deixar-nos mais preocupados, uma operadora de celular que faz chantagem emocional com telefonemas; Não importa, sempre surge alguma coisa na palavra do dia, e também não me sinto mal com isso. Os problemas surgem e se resolvem e se resolvem mais rápido quando você tem alguém;

      Não pelo fato de você ter uma pessoa, mas pelo fato de você estar amando. Um artigo é menos que um pedaço de papel, uma apresentação é um passeio no piquenique... Você se imagina diferente do que você pensaria que era. Começa a se achar bonito, a se olhar mais no espelho. Acredita que o seu bem não é o importante, o importante mesmo é o bem de quem você se ama;

     Você se sente culpado quando você se atrasa e vê sua namorada sentada num banco de argila, com um guarda-chuva nas mãos com um ar preocupado, enquanto você falava besteiras com os seus amigos e sorria e gritava. Você se sente culpado por não falar nada, mas queria falar tudo. A monotonia de suas mesmas palavras lhe faz sentir com medo de ser repetitivo.

    Às vezes não acontece nada. Verdadeiramente, nada de novo, mas você queria que acontecesse para contar para quem você ama. Para ter uma conversa além de beijos e suspiros de "eu te amo"; Tem horas que você tem  vontade de viajar do nada, para um lugar deserto, só você e a sua namorada, mas você se lembra que ela tem a família dela e suas obrigações, depois você lembra que você tem também.

    Tem horas que você queria trocar uma prosa com os amigos, ver como eles estão; Mas você se sente distante deles, não por culpa deles, mas sua. E de repente você não se sente culpado, porque apesar de você estar longe, estar sozinho beijando sua namorada; Sente-se feliz ao perceber que eles são seus amigos e que você confia neles;

     Certas dores de cabeça não possuem mesmo tratamento, nem remédio. Mas certos beijos atenuam qualquer um dos problemas; São 18:18 agora, as horas se repetem não é por acaso, de verdade, eu acreditava ser besteira esse esquema dos números sequenciados no alto do ponteiro de um relógio; Mas não é.

      Não sei dizer se é tão prático  viver sem ter alguém, talvez seja. Você pode fazer tudo o que quiser numa dada hora, pode decidir amanhã largar tudo e viajar pelo mundo; Mas depois você pode se encontrar num alto de uma colina à noite sob uma fogueira e um céu estrelado e se sentir sozinho. A humanidade é solitária por essência.

      Bom, nem tudo é flores; Às vezes temos brigas, às vezes queremos ouvir mais nossos amigos do que nosso amor; Às vezes queremos ficar sós. Outras queremos ficar super grudados, ter cola superbonder, para grudar nossos corpos e nossos lábios para não nos separarmos; De verdade, eu não sei ser engraçado, mas me divirto quando ela sorri. Não sei ser sempre calmo, mas eu fico feliz quando ela está tranquilo. Amar é ter um pouco de empatia por quem se ama sem pedir nada em troca, pode ser besteira se apaixonar nos dias de hoje. Eu mesmo tinha um discurso desses no passado, mas a endorfina que a gente libera com um beijo, a adrenalina que a gente possui quando corre atrás de seu amor quando briga; Tudo isso nos faz pensar que é legal se apaixonar uma vez, ser piegas de vez em quando; Pagar um almoço caro, comprar um brinco para a sua namorada. Não que eu não ache isso muito fora de moda, mas a gente sente isso de vez em quando. A gente sente uma vontade de fazer outra pessoa feliz.

     Não se preocupa muito com os outros dizem, não quer saber da reprovação da sua própria mãe,se preocupa sim com a segurança do seu amor que às vezes chega tarde. Se preocupa com uma melancolia que possa aparecer a essa pessoa quando se sentir sozinha, se preocupa se por acaso ela almoçou ou se consegue pagar as contas do mês. Amar é estar um tanto preocupado, mas é bom estar preocupado.

    Amar, hoje percebo não é pra todo mundo; Tem que estar preparado para viver com outra pessoa, tem que abrir mão de coisas que você inicialmente não queria fazer, outras vezes tem que abrir mão de desejos. Tem que ser crítico de vez em quando, mas nunca sempre crítico. Tem que saber se importar com outra pessoa, às vezes tem que estar disposto a brigar por ela se preciso. Às vezes você ignora os seus pais, às vezes você brinca de escutar de fingimento, outras você ouve com atenção. Amor não é eterno, tem que estar preparado para isso, não é eterno, mas é pra ser intenso. Com mordidas na orelha, sussurros escondidos, pescoços marcados, beijos e mais beijos, até faltar ar. Amor não é chama que arde sem se ver, amor é uma chama que implora para ser vista. Amor é intenso, senão é intenso, amor não é;

     Não sei se será eterno esse sentimento, eu acredito que não, mas lembro de uma sábia frase de meu pai: "Na vida, dinheiro ajuda em boa parte das coisas. 99% dos problemas são resolvidos a partir do dinheiro. Mas existe 1% que não se compra. Um por cento que faz toda a diferença, e esse um por cento é a felicidade. E Alan, você não é feliz." Depois desse conselho, todos nós refletimos. 1% corresponde essa nossa felicidade, para você ver que a felicidade é algo raro e finito, mas essa felicidade pode não ser eterna, mas vem fazendo diferença todos os dias que estou ao lado de minha namorada.

     "É somente nas misteriosas equações do amor que alguma lógica real pode ser encontrada" e o amor nunca foi lógico por essência, mas sempre foi compreendido como uma coisa a ser sentido e testado de vários modos diferentes.

      Agora são 30 dias...

domingo, 10 de novembro de 2013

Quando a CIA virou o Fuxico





         A despeito de não importar com o rumo das conversações sobre espionagem (afinal de contas eu sei que não darão em nada) é conveniente analisar um caso bastante intrigante que vem ocorrendo e divulgado pelos jornais ao redor do mundo; O dia que a National Security of America, órgão que como o nome diz é responsável pela segurança nacional dos Estados Unidos realizou atos de espionagem não só contra países supostamente inimigos aos Estados Unidos, como países neutros e até aliados, como o caso do Brasil e principalmente da Alemanha.


         Nesse contexto os Estados Unidos foram cotados como a revista Fuxico da diplomacia internacional, sempre querendo saber dos furos dos representantes dos outros governos nacionais. Nesse caso estão os grampos ao telefone de Angela Merkel, bem como os atos de espionagem à França, Espanha e Reino Unido. Desdenhou-se muito do Brasil por ter se levantado quanto a isso, de fato o Brasil não é visto como igual aos outros países na Organização das Nações Unidas.


Os grampos telefonicos não morreram com a Guerra Fria


















        Bom, o que há a dizer. Snowden realizou uma contribuição à comunidade internacional ao se desmascara mais uma vez o papel esquisofrênico da liberdade democrática norte-americana. Não só porque ela deseja promover os valores de liberdade de expressão, inviobilidade dos direitos naturais do homem, mas na práxis conduz-se às vias do totalitarismo quando vigia a correspondência de seus próprios cidadãos em nome da segurança nacional. Interessante que o discurso da segurança nacional é o que acaba sendo reutilizado nesse caso, mesmo discurso que para o bem da manutenção da ordem pública governos se utilizam para molestar as estruturas democráticas existentes; 



       Não pensem que nos Estados Unidos isso é diferente, em situações de guerra o governo norte-americano enfrentou as questões mais difíceis retirando as liberdades do indivíduos momentaneamente. No mandato de Woodrow Wilson você poderia ser enquadrado pela polícia e ser preso com base a nenhum estatuto simplesmente por sua atividade política (seja feminista, seja de esquerda ou trabalhista) ser encarada como uma questão de arruaça e que atrapalhava o esforço de guerra norte-americano;



       Na Segunda Guerra a administração Roosevelt foi perspicaz ao dinamitar os atritos sociais com as reformas decorrentes do New Deal e o populismo norte-americano representado por esse presidente levou à classe trabalhadora ao seu atrelamento à políticas sociais do governo. Entretanto é de se lembrar que os direitos dos nipo-americanos foram violados conforme as leis do governo norte-americano que lhes retiraram o direito de cidadania e os alojaram em campos de concentração no próprio território norte-americano;

       Contudo foi no período do senado McCarthy que se observou o período mais obscuro e hipócrita da história norte-americana, não só porque o governo norte-americano divertiu-se com a retórica de defesa da democracia contra a tirania vermelha que se abria no leste, mas com o modus operantis do FBI e de outros organismos do governo no período da administração Truman e o início da administração Eisenhower, em que nos métodos pouco se diferia dos soviéticos, devido às prisões compulsórias e os julgamentos espetáculo realizados em pleno território norte-americano. Os Estados Unidos não possuem ainda peito para reconhecer seus erros durante a época do marcathismo.
Vigiar cidadãos americanos para garantir a segurança da democracia, taí uma coisa que ele aprova
        A banalização do Mal não está só enraizada no estudo ao totalitarismo nacional-socialista como Hannah Arendt coloca, está semeada até na própria estrutura política norte-americana. A violação constante das liberdades individuais frente a "interesses de Estado" é uma lacuna que não consegue ser preenchida pela história norte-americana, é a volta da "Raisón de état" tão comumente utilizada pela retórica demagógica do Império de Luís Bonaparte, que agora retoma nos Estados Unidos, pelos interesses de estado tudo se torna possível;

        Esses interesses de Estado criam um aspecto de policiamento da própria sociedade norte-americana, onde o cidadão está a mercê do Estado e observa cada vez mais sendo cerceado em suas ações e molestado pelos interesses públicos que se sente coagido a levantar voz contra o regime; Bom, os norte-americanos ainda estão imersos no espírito de Ilha da Fantasia, com o Tattoo trazendo todos os dias uma bandeja de contas e cheque especial e o senhor Roarke se beneficiando da desgraça alheia resultante da crise econômica. Os sonhos vão embora, as esperanças também, vemos agora que nós não somos especiais e nem podemos ser.

A Ilha da Fantasia acabou

        Pois a juventude se afina a velhice toma nossos cabelos e somos céticos quanto nosso futuro. Isso nos aguarda de verdade, mas nos aguarda também sermos vigiados cada vez mais pela estrutura estatal que se hipertrofia. Devo explicar que essa hipertrofia não é de toda a estrutura estatal, pelo contrário, desde a ascensão do modelo neoliberal de Reagan e Tharcher, o Estado cada vez mais quer se desvencilhar do seu papel social como mediador das mazelas sociais e como regulador do mercado, entretanto ele se adensa no seu corpo militarista ao concentrar cada vez mais recursos ao aparato militar-tecnológico que se constrói no complexo industrial-militar, para utilizar uma das frases do ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower.

      Sim, a sociedade norte-americana está abandonando a sua liberdade, para a vergonha de Jefferson, e está adotando uma postura profundamente gritada pelo populismo fanatista de Obama e a permanência, com notório predomínio dos interesses de grandes corporações no cenário norte-americano. Os Rockfeller estão cada vez mais sendo deixados fora do plano do discurso como grandes magnatas da ordem norte-americana, de fato eles não possuem a força econômica como antes detinham, mas isso não interfere no fato que possuem uma força na política norte-americana.

        As grandes famílias da Costa Leste americana ainda coordenam a política norte-americana e isso é visível quando observamos o financiamento de campanhas durante a corrida presidencial; De fato as suntuosas fortunas não são dadas de graça.

        Pois o governo norte-americano se tornou um anexo dos interesses dos grupos econômicos norte-americanos desde meados do final da Segunda Guerra (especulo que com a própria guerra em vigor o controle econômico desses grupos já se tornara inevitável), de modo que a política de aversão à Cuba criada na administração Kennedy nada se relacionava ao contexto de Guerra Fria inicialmente, mas no momento em que Fidel Castro nacionalizou os cassinos e pôs fim aos prostíbulos de Havana, a administração corrupta do presidente mulherengo Kennedy, que tinha ligações claras com a Máfia, optou por tomar uma postura de profundo ressentimento com Cuba, chegando ás vias próximas da destruição com a Crise dos Misseis.

       Bom, estou divagando sobre a sociedade norte-americana, mas o fato que se apresenta é que o Grande Irmão que George Orwell detalhava em seu distópico best-seller 1984 não caracteriza só a União Soviética e Stalin, mas mais do que isso, caracteriza a sociedade norte-americana hoje. A teletela não é a nossa televisãozinha de tubo como imaginávamos, mas o nosso notebook que é vigiado constantemente nos nossos escritos, e cuja webcam pode ser invadida a qualquer momento por um agente da CIA. De fato, minha paranoia sempre pisca quando vejo que minha webcam ligou do nada.

     A teletela coloca não só todos nós sob eminente vigilância do governo norte-americano, mas como Orwell escrevera, a teletela coloca-nos a par dos valores do regime. Suas notícias e sua ideologia simplista traduzida em canções cada vez mais simples e monótonas, de revistas que não aprofundam em assuntos complexos da dinâmica social existente e observamos que a vigilância acrescenta-se quando percebemos que organismos como o Google e o Facebook repassam nossas informações livremente aos organismos de segurança não só americanos, mas também regionais.

"Tô de olho. O Grande Irmão Obama está de olho em você"

       É vigilância que se espera no século XXI, não privacidade. O direito de privacidade era algo destinado aos nossos pais, mas não nós e isso se traduz nas relações internacionais:

      Os Estados Unidos não possuíam um organismo de espionagem eficiente até a Segunda Guerra, mas devido à importância dos aparatos de inteligencia como o NKVD e o MI-6, os norte-americanos desenvolveram a inteligência do Exército para contrapor a Abwehr alemã do almirante Canaris. Com o estabelecimento de uma célula de espionagem soviética no território norte-americano e sua descoberta em 1947, os Estados Unidos cada vez mais foram se desenvolvendo em serviços de espionagem até que chegaram a enfrentar a eficiente KGB durante a Guerra Fria.

     O aparato de vigilância norte-americano se manteve a despeito o fim da União Soviética, e os Estados Unidos ainda são muito influenciados por uma lógica binária nas relações internacionais de Guerra Fria. A sua procura por inimigos é algo que traduz isso, de toda forma, a construção do aparato de vigilância se manteve e os Estados Unidos que sempre foram muito acostumados a realizar vigilâncias sobre outros regimes continuaram a prática e a reforçaram com iminência da "war to terror" de Bush.

    A espionagem de aliados reporta à época de George Bush e isso os informes da diplomacia norte-americana do Wikileaks demonstram muito bem que essa questão não é de hoje; Contudo, o mundo se impressiona hoje do porquê do "bom-moço" Obama continuar a vigiar a vida de chefes de Estado, como Angela Merkel, Hollande ou a tupiniquim Dilma.

     De fato a diplomacia americana aprendeu a ser esquizofrênica e a nunca confiar nos seus parceiros, isso a França de De Gaulle traduziu muito bem, a confiança norte-americana só perdura com Israel, talvez pela influência de Kissinger no Pentágono e na Secretaria de Estado. O conhecimento tácito da realpolitik de Bismarck até os dias atuais conduz ao governo norte-americano de sempre ser desconfiado em relação aos seus parceiros e sempre criar alianças fluidas e inconstantes.

     A manifestação dos governos vigiados em questionar as ações do NSA são válidas, na medida que seus governos precisam dar uma resposta aos seus respectivos povos, mas não representaram qualquer mudança nas regras quanto à inteligência mundial, porque os próprios serviços de inteligência são algo a margem da lei. Sempre foram, e sempre violaram os contratos sociais, nisso observa-se que as ideias de Maquiavel são válidas na medida em que é conveniente a um bom governante ser amado por seu povo, mas mais do que isso ser temido por sua gente. De tal foram, para a manutenção da ordem a moral não deve interferir nas ações de um líder.

      O carisma de Obama não deve servir de engano a nenhum outro. Aquela euforia desesperada por um Messias em 2008 era ruim naquela época e é ruim hoje. Obama não é um Messias, está mais para um Pinóquio, não só por suas mentiras, mas mais do que isso por parecer um fantoche na presidência norte-americana. Quase cinco anos de presidência não lhe conferiram nenhum senso de responsabilidade e as suas ações no plano social foram até agora ínfimas.


O Yes, we can traduziu-se em Yes we can to see
      A vigilância de Obama a outros povos traduz-se por uma vigilância de um governo frustrado frente a outros governos. A legitimidade dos democratas está se reduzindo tanto quanto a dos republicanos e isso poe em xeque até que ponto chegará a política norte-americana. Os Estados Unidos são os Estados Unidos, são a grande potência com músculos que destroçam até um mamute, isso é inegável. Até a China reconhece isso, reconhece tanto que chega a ser cautelosa. Todos os países o são, tanto que o protesto brasileiro à ONU só ecoou na tribuna dos BRICS, porque não trouxe outra coisa senão riso da diplomacia norte-americana.

"Que orelhas grandes você tem!"
     O governo brasileiro ao hostilizar abertamente os brasileiros e não conferir o tratamento adequado ao embaixador americano em Brasília pode colocar em xeque o futuro nacional, não só porque perderemos um parceiro, como poderemos entrar num caminho que não haverá mais saída, tal como a Argentina. Obama dobrou-se à Merkel, porque a Alemanha é a Alemanha, Deutschland über ales, é a Alemanha quem segura a União Europeia e a coordena, é o carro-chefe do capitalismo no Velho Mundo; Mas o Brasil é Brasil, gigante por natureza de pés-de-barro, numa hora poderá se desfazer frente aos graves problemas sociais e estruturais de sua economia como um todo, sempre foi um auxiliar do séquito norte-americano e não mudará essa imagem tão cedo;


    A espionagem americana é própria da natureza de um american way of life. Onde o americano comum é frustrado com o seu próprio emprego e com sua vida comum, é frustrado com a sua vida dentro de casa, frustrado por não poder consumir do jeito que gostaria; Tão frustrado que às vezes só comprado coisas ele pode superar essa frustração, tão frustrado que é comendo no McDonalds ele obtém alguma forma de prazer, tão frustrado que é pela pornografia que ele obtém alguma forma de atenção.

    A espionagem americana se explica nada menos pela psicanálise de Freud, onde o desejo de vigiar outros povos, vigiar cidadãos de outras nações traduz a sensação de frustração que é o isolamento americano nas relações internacionais, não porque lhe faltem parceiros, mas porque não há quem rivalize com sua estrutura econômica e que lhe faça ter estímulos novamente para o seu crescimento. Não há mais a Inglaterra, o México, os índios, os latinos, os alemães ou os soviéticos para rivalizar o "trem da História norte-americano", como eles pensam. Eles realmente se tornaram um baluarte de um capitalismo que só consegue se desenvolver pela tecnologia sem outras formas de competição.

    Os Estados Unidos não estão em vias do fracasso eminente, demorará ainda cinquenta anos para o seu regime entrar em colapso e como os americanos são sortudos por convencer a cerne do pensamento intelectual mundial a ir ao seu território, é possível que ainda consigam superar os seus desafios como sempre superaram. Os Estados Unidos são um enigma a qualquer um que estude a história de grandes impérios;

      A espionagem dos Estados Unidos é a espionagem de um garoto gordinho desocupado aos seus vizinhos num condomínio fechado com um telescópio. Ao invés de olhar as estrelas, ele olha para como os seus vizinhos se relacionam. A prática norte-americana é uma prática voyeur. Os Estados Unidos são voyuer por natureza.

"Hum, tô vendo os dois naquele quarto. O que será que estão fazendo..."

Haber e o uso da ciência para o "bem" e para o "mal"

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